Ontem foi uma noite muito importante para o futuro das crianças no universo digital. No programa do jornalista Pedro Bial, exibido no GNT e posteriormente na Rede Globo, foi ao ar uma entrevista com o influenciador digital Felipe Bressanim, mais conhecido como Felca, e com a comunicadora Sheylli Caleffi – educadora, defensora dos direitos das crianças e nossa conterrânea, que tem levado às telas informações essenciais sobre os riscos do ambiente digital, incluindo a exploração infantil praticada, muitas vezes, até pelos próprios pais.

Dias atrás, Felca lançou um vídeo denunciando a exploração de crianças nas redes sociais e questionando a falta de controle sobre abusos que comprometem a infância. O conteúdo viralizou, repercutiu fortemente e levou autoridades a se mobilizarem, chegando inclusive à prisão de envolvidos. Inspirado em sua própria infância, Felca relatou que seus pais o limitaram no uso das telas. Na época, sentiu revolta, mas hoje reconhece a maturidade da atitude, compreendendo que foi fundamental para seu desenvolvimento.

Atualmente, após abordar a chamada adultização das crianças, Felca tem recebido ameaças – o que demonstra a sensibilidade e gravidade do tema.

No programa, Pedro Bial convidou Sheylli Caleffi, que já foi capa da nossa revista, para contextualizar a situação do universo digital e o conceito de educação digital, que ela vem difundindo com grande dedicação. De forma voluntária, Sheylli tem alertado pais e crianças sobre os riscos por trás das telas, explicando o modus operandi de pedófilos e mostrando como a exposição inadvertida feita pelos próprios pais pode abrir portas para abusadores. Em palestras para famílias e escolas, ela busca desmistificar o tema de maneira clara e objetiva, oferecendo caminhos de conscientização.

Durante a entrevista, Sheylli elogiou a coragem de Felca e destacou que seu vídeo contribuiu para acelerar debates importantes, como a aprovação do Projeto de Lei (PL) 2628/2022, que estabelece regras para proteção de crianças e adolescentes em ambientes digitais. O texto prevê que, após um ano de sua publicação, fornecedores de produtos e serviços de tecnologia adotem “medidas razoáveis” desde a concepção e durante a operação de aplicativos, a fim de prevenir e reduzir a exposição de menores a conteúdos prejudiciais.

A proposta estabelece obrigações específicas para plataformas e aplicativos, mas os critérios práticos ainda dependerão de regulamentação posterior. Apesar de avanços legislativos, a internet continua sendo um espaço com pouca fiscalização, diferente da televisão, onde há restrições de horário e classificação indicativa para conteúdos sensíveis. No ambiente digital, tudo está disponível de forma rápida e sem filtro, tornando as crianças alvos fáceis para predadores.

Por isso, o alerta é urgente: pais e responsáveis, não publiquem fotos dos filhos sozinhos, evitem hashtags que descrevem rotinas como #horadobanho, não exponham as crianças desnecessariamente. Esses detalhes, que parecem inocentes, são explorados por criminosos. 

Protejam seus filhos. Conversem com eles. Sejam claros, acompanhem, orientem. As novas gerações já nasceram no digital, mas não têm a malícia e as defesas que os adultos adquiriram com a experiência.

Vale ressaltar que todo o trabalho de Sheylli Caleffi é voluntário. Ela não recebe apoio governamental para os deslocamentos e o tempo que dedica a essa causa. Se você deseja colaborar para que ela continue levando informação e conscientização a mais famílias, entre em contato.

Confira o vídeo da entrevista: https://youtu.be/m_3iYayRNZk?si=wIVHOwRRWfbD83NF