25/01 | O julgamento das mães X A exaltação dos pais

Por:
Anahy Bianco

Se você assiste ou não o Big Brother Brasil, não importa, pois será inundada por informações sobre o programa em todas as redes sociais, já que o brasileiro gosta exageradamente de reality shows. Neste ano, até aplicativo semelhante ao cartola, onde você aposta nos participantes foi criado, tamanha paixão de nosso povo por isso.

Pois bem, deixando de lado um pouco estas informações (logo vem textinho analisando o porque do fanatismo) com certeza você já ouviu falar de Pedro Scooby, participante do BBB e ex marido de Luana Piovani. Aliás, como muitas de nós, já deve estar até gostando do cara.

Eles possuem guarda compartilhada de seus filhos, ou seja, as crianças/adolescentes moram com ambos os pais, portanto não existe um lar que seja referência e os genitores devem ser responsáveis por tudo aquilo que necessitam seus filhos, no período em que se encontram com eles. O que não quer dizer, que no tempo em que eles não estão juntos, não tem responsabilidade nenhuma.

E aí vem a pergunta: Como Scooby aceitou o convite para participar do programa sem antes conversar com a mãe de seus filhos? E, mesmo que tenha comunicado, como pode fazer com que recaia a responsabilidade em sua atual companheira dos cuidados com seus filhos enquanto ele fica curtindo a sua estadia na “casa mais vigiada do Brasil”?

Inúmeros memes surgiram debochando de Piovani afirmando que o problema é que ela não teria aceitado o fim de seu casamento, outros insinuavam que ela mandaria os filhos para o BBB junto ao pai para que ela também pudesse curtir a sua vida. Dentre tantas outras besteiras que fomos forçadas a ver por aí.

Vocês já imaginaram se, ao invés do Scooby, a Luana tivesse escolhido entrar em um reality show, deixando com seu atual companheiro a responsabilidade de cuidados por seus filhos?

Como ela seria vista na sociedade, uma mulher, mãe, que incumbe seu namorado de buscar a filha dela na escola, dar banho, jantar e cuidar da mesma pelo tempo que ela ficará ausente, curtindo banhos de piscina e festas regadas a muito álcool, além de correr o risco de se envolver com outra pessoa lá dentro?

É importante entender que a questão aqui é que as mães que escolhem curtir exatamente aquilo que os pais curtem, serão julgadas e condenadas, coisa que jamais aconteceria com os homens.

Está enraizado em nossa sociedade julgamentos acerca do que as mulheres "de família" podem ou devem fazer, e aquelas que fogem do padrão, das “certinhas”, que aceitam tudo sem questionar, de forma silenciosa, acabam sendo duramente criticadas.

Infelizmente, os pais irresponsáveis são exaltados, enquanto as mães sempre sofrerão julgamentos, virando piadas na internet por tentar exigir o mínimo de responsabilidade deles.  

A nossa luta deve ser diária e constante para acabar com os pré-conceitos da sociedade. Mulheres, continuemos indo à luta, pois a guerra ainda nem começou!


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