05/01 | Síndrome de Burnout: A sobrecarga de ser mulher

Por:
Anahy Bianco

Não é segredo pra ninguém a luta diária que as mulheres enfrentam, devido a constante busca da igualdade e do direito a tomar decisões relacionadas ao seu próprio corpo, além de ter que conviver todos os dias com a angústia e o medo da violência, que ainda atinge níveis altíssimos em nossa sociedade.

Por mais que a luta e  união entre as mulheres já tenham trazido resultados positivos, ainda vivemos uma realidade punitiva e muito pesada.

Como se tudo isso não bastasse, com a chegada da Pandemia, elas atingiram níveis de exaustão jamais vistos, devido ao acúmulo de funções, pois tem que continuar sendo uma profissional exemplar, para obter o mínimo de respeito, dedicar parte do tempo atendendo dos seus pais, se desdobrar em casa para auxiliar os filhos com as aulas online e realizar os serviços domésticos. O resultado? Falta de amor e cuidado próprio, as mulheres estão exaustas!

Pesquisas realizadas no ano de 2021, no Canadá e nos Estados Unidos, demonstram que 42% das mulheres estão sofrendo com sintomas relacionados a síndrome de Burnout, os homens estão na faixa de 35%. Em 2020 e 2019, os índices eram de 32% e 28%, respectivamente.

Para quem não sabe, a síndrome de burn­out foi reconhecida como tal em 2019 e é um distúrbio emocional com sintomas de  cansaço extremo e esgotamento físico e mental resultantes de situações desgastantes ligadas ao trabalho, que exigem alta competitividade e responsabilidade, portanto relacionadas a altas cargas de stress.

Os sintomas mais comuns são insônia, alterações no apetite, dificuldade de concentração, negatividade constante, sintomas de fracasso e insegurança e dores de cabeça frequentes.

Segundo estudos realizados pela International Stress Management Association em 2019, o Brasil ficou atrás apenas do Japão, tornando-se o segundo país com maior número de pessoas afetadas pela síndrome e a Pandemia chegou para agravar ainda mais esses números, pois, de acordo com o Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, os números subiram em 21% em comparação com os meses que antecederam a crise sanitária.

Através de outros estudos, observou-se que a privação da convivência social e a constante desigualdade no mercado de trabalho, influenciaram este aumento, visto que o mercado brasileiro ainda é um dos que apresentam maiores diferenças entre valores de remuneração e de cargos. É possível observar estes dados no relatório Global Gender Gap de 2020, do Fórum Econômico Mundial, onde o Brasil ocupa a 93º posição, dentre 153 países,  em um ranking que classifica os países de acordo com a igualdade salarial entre homens e mulheres.

Nas palavras de Simone de Beauvoir, filósofa Francesa (1908-1986): “Cuidar de sua beleza, arranjar-se, é uma espécie de trabalho que lhe permite apropriar-se de sua pessoa como se apropria do lar pelo seu trabalho caseiro; seu eu parece-lhe, então, escolhido e recriado por si mesma. Os costumes incitam-na a alienar-se assim em sua imagem”, podemos verificar que a discriminação persiste, pois as mulheres ainda são submetidas a estereótipos que a aprisionam. Os dados acima descritos sugerem, no entanto, que elas não aguentam mais, pois, exaustas, ser quem a filósofa descreveu está insuportável.

 


Voltar
Ao navegar neste site está ciente de nossa Política de Privacidade.
Concordo