14/01 | Tem receita pra ser mãe?

Por:
Daiany Tauchert

Meu desabafo é mais para aqueles que “entendem tudo” sobre criação. Aquele parente, amigo, vizinho, ou até mesmo aquele desconhecido que dá uma “dica” quando te vê suando e respirando fundo num momento de apuros, com a cria grudada na tua perna e gritando sem parar. Sabe aquele fogo que sobe ardendo? Não é raiva da criança, até porque ela é uma criança mesmo! Aquele ranger de dentes é por causa do olhar desaprovador do cidadão, que até parece que nunca viu uma cena dessas na própria família. Para piorar, ele diz: “na minha época...”. Aí vem aquele blá-blá-blá sem fim, que nem dá pra escutar, afinal tem alguém gritando agarrado nas suas pernas. Não desmerecendo quem já passou e superou isso, mas falar é mais fácil no momento em que é o outro quem está enlouquecendo.

Essa semana eu li comentários sobre alimentação infantil. Defensores de alimentos restritivamente saudáveis contra os que defendem a autonomia da criança.

“Não tem como negar a ideia de que cada indivíduo tem  suas preferências, indiferente do que o meio te sugere.”

Eu, por exemplo, tenho meninos gêmeos com três anos de idade. Aos dois foram apresentados e oferecidos os mesmos alimentos e, ainda assim, eles têm preferências distintas. Um adora frutas e verduras, enquanto o outro, gosta de carne e feijão. Acredito que a autonomia da criança é muito importante na formação do caráter e diz muito sobre sua personalidade, assim como a alimentação, claro! Mas exigir que uma criança coma aquilo que não lhe agrada o paladar é um tipo de tortura. Imagina só você tendo que comer algo que você detesta!

Dicas constrangedoras e a imposição da alimentação saudável são só alguns dos vários toques que nossos zelosos observadores podem nos aconselhar. Tem muita coisa que as mães tem que ouvir sobre como educar os filhos, entre:

  • Você precisa parar de trabalhar para dar atenção para os filhos... Quem mandou ter filhos!
  • Você não pode gritar, nem se descontrolar na frente dos filhos, porque mostra vulnerabilidade!
  • Eu nunca dei doces para meus filhos e nem refrigerante, é um veneno!
  • Você está engordando e se descuidando depois da gravidez, tem que se manter bonita para o papai!
  • Agora você não pode mais sair para se divertir com amigos, sua vida é só para os filhos!

               

E assim por diante.

Ah mães! Se desdobram para dar conta e seguir costumes. Aprendem muito mais com a maternidade no dia a dia, do que com horas de conselhos e, mesmo assim, dormem se questionando se são as piores mãe do mundo.

Ah mães! Escravas das verdades alheias. ‘Mas se fizerem tudo certo vão ser amadas pelos filhos’, caso contrário... ainda assim, vão ser amadas. Porque o amor sempre prevalece nessa relação e é o que realmente fica no coração.

Acredito e me inspiro em todas essas teorias de educação emocional e, de verdade, eu tento aplicá-las à minha maneira. A coisa complica mais quando se trata das experiências pessoais dos outros. Sempre temos que analisar se ela se aplica ao nosso caso e às nossas condições.

 Somos pessoas distintas, cada qual com suas histórias e situações. Nem sempre o que vai dar certo para o filho da sua amiga, vai dar com o seu. A primeira regra é respeitar a mãe e as suas escolhas. Não precisar morder os lábios de vontade de dar um palpite, porém isso pode acontecer em outro momento, menos constrangedor. A aprendizagem é mútua na relação mãe e filho. A recíproca é verdadeira na frase ‘‘Eu te ensino a ser filho e você me ensina a ser mãe’’. Que graça teria a vida se tudo tivesse cartilha. Ser mãe é dar o seu melhor nas suas circunstâncias! Pensem nisso.

 


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