08/12 | É possível a educação à distância no Brasil?

Por:
Camila Franceschetto

A Educação à Distância é possível quando as partes envolvidas agem com responsabilidade e comprometimento (professores, equipe pedagógica e aluno). Como se trata de um estudo autônomo, apesar do aluno ter acesso e apoio dos profissionais, ele também exerce a função de ser comprometido, pois há vários fatores que contribuem para que tudo saia do que foi planejado.

Nesse tipo de método, a palavra-chave que suporta todo o sistema é a “colaboração”, pois quando todas as partes trabalham juntas, há maior obtenção do sucesso, mesmo que não haja presença em espaços físicos. Amparada pela lei LDB 9394/96, a Educação à Distância pode e deve ser de fácil acesso em todos os níveis e modalidades, que quando feita de modo correto, é possível um detenção e construção de conhecimento significativo.

Esse mesmo sistema também acontece fora do Brasil e há mais tempo, mas porque funciona bem melhor no exterior? Uma gama de fatores contribui para isso, desde o sistema, até o aluno. Nosso país funcionava, até março de 2020, da forma que teria que funcionar dentro do planejamento das instituições de ensino em geral: aulas presenciais expositivas, recursos didáticos de fácil acesso, e metodologias já conhecidas pela maioria dos profissionais.

Eis que surge, de uma hora para outra, a pandemia. E junto com ela, a Educação à Distância, novos modelos de metodologias, e outros recursos didáticos, que até então, seriam banidos dentro da aula presencial. Como fazer tudo funcionar do dia para a noite? Nem em sonhos seria possível. Nos países mais desenvolvidos, o método de aprendizagem on-line já estava implantado juntamente com aulas presenciais, deixando com que os alunos e professores utilizassem de maneira correta recursos tecnológicos “diferenciados”, como, redes sociais como forma de avaliação, aulas extras gravadas, e recursos de última tecnologia.

No Brasil, temos uma situação um pouco diferente, especialmente em escolas públicas. As salas de aula são cheias, há divisões de classes evidentes, e os recursos são escassos. Docentes dificilmente fazem cursos de formação continuada, e a metodologia predominante é a aula expositiva. Isso vem de anos. Não é algo que se espere que aconteça de uma semana para outra, pois várias mudanças e paradigmas se fazem presente.

Obviamente, essa falta de estrutura que ainda temos dentro desse tipo de ensino é indignante, mas por motivos de cultura. O aluno atrasa trabalhos e tarefas, o professor se desdobra para exercer sua função em um formato diferente e atrativo, e o sistema aceita uma resposta pronta e acabada, independente de onde ela veio. Ainda é possível reverter a situação?

Sim! A mudança que queremos e que esperamos que aconteça tem que começar em nós. Como profissionais, encontrar maneiras de “prender” o aluno na aula e nas atividades, dando espaço para que ele fale de sua realidade. Como estudante, sendo mais paciente e colaborativo, criando rotina e confiança com a instituição. Como pais, sendo participantes ativos, expondo suas dúvidas, e conferindo a aprendizagem dos filhos. E, por fim, como membros da sociedade, precisamos lutar pela sua melhoria: “criticar menos e fazer mais”. O Brasil não é a Europa, nem os Estados Unidos da América. O Brasil é o Brasil, e precisa começar a ser pensado também, como uma potência escolar.


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